O REPROGRAMANDO tem o objetivo de debater os problemas gerados pela programação cerebral negativa na vida das pessoas, trazendo soluções e caminhos que podem ser seguidos por pessoas comprometidas com a metodologia através de técnicas de Reprogramação Cerebral ensinadas pela Psicóloga e apaixonada pelo estudo da Neurociência, Sylvia Pabst.
19/05/2020
Você tem dificuldade com seu filho na hora dos estudos? Ele diz que é chato e que não gosta de estudar? Que é chato aprender? Então, tenho algo para você!
Será que é chato aprender? Não, de forma alguma, a questão é se o interesse é despertado para o aprendizado ou não. Sem emoção, sem prazer, estudar se torna desinteressante sim, porém é necessário. Com a era dos vídeo games e os jogos na internet, estudar virou uma coisa de gerar dor de cabeça para muitos pais. E, acreditem, para as crianças também. Já pensou o que é ter que fazer uma coisa que, no entender deles, não tem a menor graça e não entendem para que aquilo vai servir para a vida deles, além de que, os jogos são muito mais interativos não é?
Então me diz uma coisa, quando você tem que fazer algo que não gosta, você faz com prazer, pulando de alegria, dizendo uhuh? Muito provavelmente não. Você faz porque aprendeu que precisa fazer e que se não fizer aquilo terá consequência e que as consequências podem ser muito piores do que despender um tempo e dar o seu melhor para resolver aquilo, certo!?
Daí eu te pergunto, o que te levou a entender a importância de fazer as coisas que precisa fazer, mesmo não gostando? De que forma você leva o seu filho a refletir e perceber isso? Vamos falar sobre isso?
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Antes de irmos para as dicas, vamos entender o que a neuropsicologia nos fala sobre isso? É importante entender que tudo o que sabemos é porque aprendemos e se aprendemos é porque colocamos atenção naquilo. Só vira memória aquilo que colocamos a atenção. No mundo atual, se os estudos não fizerem um sentido ou um link com a rotina, o dia a dia da criança, ele será um tédio, chato porque não será interessante, os vídeo games e os jogos estão aí para nos mostrar isso, o quanto eles prendem a atenção das crianças, até nossa, não é? Por conta do quanto que chama a atenção, com as recompensas de conseguir passar de fase e por aí vai. Essas recompensas ativam uma área no cérebro responsável pela libertação de dopamina que leva ao prazer, motivação e querer continuar. Do contrário, não tem motivação, e sem motivação não há liberação de química no organismo para o engajamento da atenção porque não é interessante. Portanto, se o aprendizado não tiver um elo com o prazer, o esforço precisará ser muito maior e o cérebro despenderá muito mais energia para conseguir manter o foco e a atenção.
Não podemos esquecer que o cérebro busca pelo prazer e a satisfação o tempo todo e o que não gerar prazer, fará com que a gente procrastine e o estresse pode libertar o cortisol que com isso vem a irritabilidade, mau humor e até agressividade. Só que nossa consciência sabe que existem as consequências não é? E essas consequências podem ser ruins, caso não façamos o que precisamos fazer, ou as consequências positivas de prazer e alívio por ter resolvido. E o que precisamos é fazer com que a criança tome consciência das consequências, caso contrário, ela só olhará para a parte chata e não conseguirá mudar a forma de ver.
Seguem algumas dicas para te ajudar a levar seu filho a refletir sobre a importância de estudar e o que você pode fazer para ajudar:
1. Construa junto com seu filho um planejamento de horário para estudo, o que é combinado não é caro, certo? Monte um planner diário e semanal para ser usado como guia de estudo.
2. Crie um ambiente propício para o estudo, sem distratores como TV, rádio, celular ou coisas que possam chamar mais a atenção ou ser mais interessante ao redor.
3. Converse sobre a importância de aprender, de fazer as coisas mesmo que não tenha vontade, mesmo que seja chato. Levá-lo a pensar e refletir sobre as consequências e o prazer em ter dado o seu melhor e ter conseguido um resultado positivo.
4. Entenda porque a criança não quer estudar e fazer as lições da escola e busque junto uma forma de resolver. Pergunte de que forma ele acha que pode se esforçar e dar o melhor de si para fazer o que precisa fazer. Dê exemplos de coisas que você precisa fazer que é chato também, mas que faz porque é importante para todos, e que as consequências serão mais chatas do que se dedicar e fazer o que precisa fazer.
5. Crie uma rotina para o horário de estudo. O cérebro gosta de rotina e organização. Se você combina sempre um mesmo horário, isso vira um hábito e será o hábito que fará com que haja um engajamento para fazer as coisas, mesmo não sendo tão prazerosas.
6. Divida o estudo em etapas menores. Não adianta querer que a criança fique horas sentada fazendo uma coisa que não é prazerosa, ela vai se dispersar e o estresse para todos será gigante. Nossa capacidade de atenção dura em média de 12 a 15 minutos. Se o que estamos fazendo é prazeroso, continuamos com a atenção engajada, do contrário, você começa a se dispersar e prestar atenção ou pensar em outras coisas. Portanto, divida os estudos em módulos. Assim você “engana” o cérebro e faz com que ele entenda que não é muita coisa e o estudo não fica chato. Numa leitura, por exemplo, peça que faça uma leitura rápida para entender de forma geral o texto, depois peça para fazer uma nova leitura, marcando as palavras chaves ou importantes do texto e, depois uma terceira leitura e, terminando, peça para que pegue uma folha, ou no próprio caderno e escreva o que entendeu com as próprias palavras sobre o que leu. Depois você dá uma olhada e vê se ficou alguma parte não entendida ou esquecida. Não peça que decore e sim entenda.
7. Coloque um horário para o vídeo-game e para os jogos, onde ele só poderá jogar quando terminar o estudo. Ação e consequência. Não podemos permitir que as crianças só fiquem com a parte boa da vida. As frustrações fazem parte e aprender a fazer as coisas que são chatas, fará com que reflitam que isso faz parte da vida e que é um processo necessário que todos passam, gostando ou não.
8. Se ele tiver dificuldade, ensine-o como e onde aprender a buscar respostas. Hoje existem várias ferramentas na internet que possam ajudar, inclusive vídeo-aulas com professores que explicam a mesma coisa de forma diferente. É preciso descobrir qual é a melhor forma de aprendizado do seu filho. Jamais faça ou dê as respostas. Ensine a pescar, como limpar, como preparar e não dê o peixe pronto para comer.
9. Não fique o tempo todo ao lado do seu filho, supervisione, apareça de vez em quando para certificar que está tudo ok. Ele precisa aprender que é capaz de dar conta sozinho, isso lhe dará autonomia e independência para a vida. Diga que qualquer coisa pode te chamar.
10. Traga exemplos da realidade, mostre a importância do que está estudando com coisas que ele vivencia.
11. Estudar é disciplina e a disciplina precisa ser desenvolvida dentro de casa, com exemplos até que se torne um hábito. Educamos pelo que fazemos e não pelo que falamos. Comportamento quando vira hábito, a motivação surge dentro da pessoa. Não motivamos ninguém e sim inspiramos. Portanto, que exemplo você está dando para que seu filho se automotive?
12. Não subestime a capacidade do seu filho, peça soluções a ele, peça para que ele te dê formas para resolver a questão em relação ao estudo. Pergunte a ele: “se você fosse professor, de que forma você me ensinaria sobre essa matéria?”
13. Incentive o seu filho a olhar ao redor, prestar mais atenção nas coisas, passe algumas responsabilidades e afazeres para ele em casa, com as coisas de casa. Quando a criança assume a responsabilidade de ajudar em casa entendendo que a casa é de todos e para que todos fiquem bem, todos precisam colaborar, mesmo que seja chato fazer certas coisas, ele também começará a assumir outras responsabilidades. Já pensou se ninguém gostasse de lavar a louça? Portanto, delegar essas responsabilidades, alternando sempre, para que ele também perceba que há coisas mais legais e outras mais chatas a serem feitas, mas que são todas importantes da mesma forma, isso o ajudará a formar memórias de procedimentos, desenvolver habilidades de vida e a conscientização da importância de estarem todos bem e felizes no mesmo ambiente. Com isso, desenvolve-se um hábito para fazer as coisas e irá também ajudá-lo a entender que com o estudo também pode ser feito da mesma forma.
A criança aprende com exemplo. Se ela também não vê os pais lendo, estudando, ou fazendo algo que percebam a importância de aprender aquilo, como iremos convencê-los que estudar é importante? Quando eles entendem o quanto é importante adquirir conhecimento porque ele irá modificar a nossa vida de várias formas, também perceberão a necessidade de darem o melhor de si para terem a recompensa dos bons resultados. Acredito que ninguém gosta de se sentir incapaz, de tirar uma nota ruim. Basta você perguntar a ele como se sente quando perde num jogo ou acha que não é tão bom quanto o amigo naquela fase. O que ele faz para se superar? Quantas fases do jogo foram chatas mas que para chegar na seguinte precisou passar por ela? Conte algum exemplo da sua vida de como foi ter que se esforçar e ter o resultado depois, como algum exemplo de algo que não se dedicou e qual foi a consequência. Crianças adoram escutar nossas histórias. Precisamos ensinar a eles que tudo na nossa vida não é só prazer, vai envolver responsabilidade, disciplina, obrigações, frustração, insegurança, desprendimento, escolhas, consequências e, acima de tudo e o mais bacana, o crescimento.
Levar a criança à refletir que o sentimento de se sentir falhando ou não ser bom é muito pior do que dar o seu melhor e fazer o que precisa fazer. Há certas coisas que não podemos deixar de fazer. É colocar para ele a responsabilidade e dizer “sinto muito, sei que é chato, mas é necessário, você acha que pode dar o seu melhor agora?”. Portanto, precisamos levar a criança à pensar, e isso fazemos com perguntas e não com imposições. Quando perguntamos geramos responsabilidade neles. Permitimos que construam possibilidades de reflexão. Se ficamos só cobrando e exigindo, geramos bolas de neve de estresse e desgaste e tiramos a autonomia e a responsabilidade da criança e ela vai entender que só deve fazer o que tem prazer e que se o que não gosta de fazer alguém vai lá e de alguma forma dá um jeito para ela, ficará sempre à espera e não desenvolve atitude. A criança precisa entender que é importante fazer coisas chatas e que, coisas chatas também fazem parte da vida. Fazer somente o que gostamos nos leva a muitos problemas, frustrações e tristezas, além de acharmos que o mundo tem que ser perfeito ou só de coisas boas e, quando algo ruim acontecer, como saberemos lidar se não aprendemos a resolver as questões que não são boas dando o nosso melhor?
É preciso mostrar às crianças que o resultado ruim cada vez os deixará mais distante da autonomia e independência e de achar que só deve fazer o que é bom, como foi dito anteriormente. A parte chata da vida existe sim, vai continuar existindo e não podemos fugir disso. Leve-as a entender que elas são capazes de desenvolver e fazer coisas que nem imaginam e que só saberão se tentar. Não é o resultado que dirá quem elas são, e sim o que construíram e no que se transformaram nesse processo de construção. Pergunte que semente está plantando em sua própria vida? E o que quer colher para o seu futuro.
Os espinhos existem nas rosas, elas se tornam feias por causa disso, não? Assim é com o aprendizado também. Se valorizamos a entrega e mostramos que vivemos a mesma situação, porém com assuntos, contextos e experiências diferentes, demonstramos empatia, trocamos experiências com amor, carinho, nos aproximará mais dos filhos. Também nos conectará mais e poderemos levá-los à reflexão de que a vida é isso, coisas boas e ruins e que precisamos aprender a lidar com todas elas, porque serão essas questões que estarão nos preparando para os enfrentamentos de outras coisas no futuro. Assim crescemos, amadurecemos e nos tornamos pessoas inteiras.
Sylvia Pabst
Psicóloga de formação com especialização em Neuropsicologia,
Neuropedagogia e
Neuroeducação.
Professora na área de:
Neurociências,
Neuropedagogia e Psicologia.
Supervisora de recém formados e estagiários em Psicologia.
Mais de 25 anos trabalhando com desenvolvimento humano.
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